João
Gordo, 48 anos, é um
sujeito que sabe rir de si mesmo, embora leve as coisas a sério quando o
assunto é obesidade. Com a mesma insolência, agressividade e linguagem
escrachada, usados para constranger convidados em seu talk-show Gordo a Go-Go,
o VJ da MTV confessa que o ponteiro da balança, que já beirou os 210 quilos, é
o seu grande pavor. "Sou tímido, gago e gordo. E tenho vergonha de ser
gordo! Achava que todo mundo me odiava. Tirar a camisa em público é um trauma,
desde criança. Quando você é moleque e tira a camisa em público, vem um
coleginha e aperta seu peitinho. Hoje, eu mato se alguém fizer isso
comigo", disse.
Afastado das drogas e bebidas,
depois de passar três dias em coma e 22 na UTI, João Gordo enxerga hoje um novo
cenário: está 36 quilos mais magro, perdidos após uma cirurgia para redução do
estômago, e casado com a argentina Viviane
Torrico, com quem alimentou o sonho de ser pai. "Estou mais vaidoso
desde que comecei a emagrecer. Fico olhando no espelho para ver como estou. É o
maior barato", contou. "Hoje, não tenho crise de maluco. Eu tinha
problemas porque era louco e gordo. Deixei de ficar louco e estou emagrecendo,
então os meus problemas estão acabando. Não faço questão de morrer velho, mas
esta perspectiva de montar uma família é uma coisa doida.
Assediado
por jornalistas, o líder do Ratos
de Porão faz sucesso entre os
adolescentes com um sarcasmo peculiar e é o protagonista de um dos maiores
fenômenos de audiência da MTV, onde trabalha há seis anos. "Falo as coisas
na cara. E eu não precisei mudar um milímetro para ser o top da MTV. Continuo o
mesmo cara de 10 anos atrás. Falo com todos, desde o cara que trabalha na
iluminação até o mais alto escalão de chefes".
João Gordo garante que o
dinheiro mudou pouco seu estilo de vida. "Eu ganho quinze vezes menos que
o Mion. Se fosse por
dinheiro eu já tinha parado o Ratos
do Porão e montado uma banda
pop bem idiota, com uma mulher rebolando. As pessoas vencem pela bunda ou pelo
rosto. Não tenho carro e não dirijo. E quem pensa que eu sou rico está muito
enganado. Eu não gosto de dinheiro!"
Se dependesse de sua própria
vontade, o cidadão João
Francisco Benedan não seria
reconhecido nas ruas. "Fama é uma bosta. Eu queria passar batido, mas não
consigo porque sou gordo, uso estas roupas e tenho tatuagem. Tem gente que
grita e quer pegar em você.
Isso irrita!", disse.
Entretanto, Gordo, como gosta
de ser chamado, é do tipo que pára na rua e conversa com todo mundo. Sua boa
vontade foi posta à prova depois de atender aos pedidos dos fãs, no último dia
20, após a gravação do Gordo a
Go-Go, quando recebeu a reportagem do Portal Terra. "Eu sou um
mal-humorado muito bem-humorado. Trato bens os fãs, mas não gosto de playboy folgado
que pensa ser meu amigo e vai falando um monte de coisa", falou.
De boné, óculos escuros,
piercings e tatuagens, o VJ foi cumprimentado por vários adolescentes,
distribuiu autógrafos, tirou fotos e ainda prometeu dar uma forcinha para a
banda de uma fã. "O programa melhorou bastante porque tem um espaço para
banda underground. Sempre vou dar força", disse.
A conversa aconteceu na padaria
ao lado dos estúdios da MTV. O punk mais famoso do País disse que perdoou os
que o acusam de trair o movimento. "Eu perdoei porque estou há 20 anos
colocando a minha cara para bater e já vi gerações e mais gerações de idiotas
aparecerem e sumirem. Esse mesmo punk que me critica vai ser engolido pelo
sistema e, um dia, virar pai de família, polícia ou evangélico. E eu estou
ainda do mesmo jeitinho, sem mudar nada".
Adorado e odiado por muitos,
João Gordo continua a destilar seu ódio à classe artística. "Não faço
parte deste povo. Mas acho o Rodrigo
Santoro um p... ator. A classe artística é f... Eles tentam parecer politicamente
corretos e justificar a grana que recebem participando de certas paradas como o Teleton. Eles acham que esta
ação vai tirar os nomes deles do livrão do inferno. E não é bem por aí. Eles
estão mais interessados em ganhar dinheiro do que se preocupar com política e
sociedade", afirmou.
Da fase pesada das drogas, João
sofreu um derrame pleural e quase morreu. Cinco dentes foram corroídos pela
cocaína. E mesmo assim, ele não quer convencer a ninguém de que aquilo foi bom
ou ruim. "Eu não tenho que passar alertas para fãs. Eu vejo um cara com 20
anos detonando ecstasy. Vou falar o quê? Quem sou eu para falar mal das drogas?
Com 20 anos eu era mais louco do que eles. Curte aí. Se eles conseguirem passar
desta fase horrível, boa sorte!", disse. "Estou com 48 anos e não
tenho arrependimento. Faria todas as besteiras de novo. Tomaria todas as drogas
de novo", completou.
Mesmo preservando muitos dos
antigos hábitos, Gordo reviu algumas idéias. Aos 48 anos, não critica mais os
homossexuais. "Eu aprendi a conviver com os gays. Teve uma fase da minha
vida que passei a tomar ecstasy e freqüentar as boates techno. Fiz várias
amizades e aprendi a conviver com os gays. Vi que é gente normal",
disparou.
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