Gravado nos
estúdios Record Plant durante o mês de maio e com a produção do monstro Eddie
Kramer, “Love Gun” seguiu a forma de se fazer Rock que o Kiss estabelecia desde o início, mas de um
jeito cada vez mais potente. A sonoridade do álbum é bem única e interessante,
e tudo soa bastante espontâneo, afinal, eram os quatro caras e só, com a
generosa participação e influência de Kramer, principal responsável pela
extração de tanta espontaneidade.O registro tem
início com uma das canções mais renegadas do Kiss,
na minha opinião: I Stole Your Love recebeu pouca atenção ao vivo,
injustamente, sendo tocada em poucas turnês. Além do riff fantástico de
guitarra que permeia o andamento da faixa, tem-se os vocais maravilhosos de
Paul Stanley, cozinha fantástica, pegada forte e belos solos de guitarra, com
destaque às frases da primeira parte do solo, tocadas por Stanley.Christine
Sixteen, composição genuína de Gene Simmons, foi o maior sucesso do disco em
relação aos singles: atingiu o 25° lugar nas paradas americanas, 22° nas
canadenses e 46° nas alemãs. Rock divertido, digno de anos 1970, com uma levada
gostosa e bom instrumental. Pode ser resumida em um encontro entre o som de
Jerry Lee Lewis e The Rolling
Stones. Vale ressaltar que teve o solo composto por Eddie Van
Halen (ele e seu
irmão, Alex, até então desconhecidos, tocaram na demo e Ace Frehley manteve o
solo na gravação). Got Love For Sale mantém a pegada de sua antecessora, com um
ótimo riff de guitarra e agradáveis vocais de Simmons.Em seguida, um
dos maiores destaques. Shock Me, a primeira música em que o guitarrista Ace
Frehley assume os vocais principais, foi inspirada num acidente ocorrido em
Lakeland, Flórida, quando o Spaceman foi eletrocutado e atrasou o show em 30
minutos. Além de contar com seus vocais (que tiveram de ser feitos com Frehley
deitado e com as luzes apagadas por conta de seu nervosismo), tem um dos
melhores solos da história do Kiss,
riffs de guitarra e linhas de bateria cavalares e ótimos backing vocals de Paul
e Gene.Tomorrow And
Tonight, segundo Paul Stanley, foi composta na tentativa de se fazer uma nova
Rock And Roll All Nite. Apesar de não ter chegado a isso, é uma boa música,
simples e certeira, com um refrão chiclete e um digno solo de Frehley.
Curiosamente, nos backing vocals, tem-se a presença de Ray Simpson, que três
anos depois substituiria Victor Willis no Village People. A faixa-título, na
sequência, sem dúvidas é a melhor do álbum. Permanece até hoje nos repertórios
do Kiss.
O Starchild dá um show à parte na guitarra, no baixo e nos poderosos vocais,
enquanto Peter Criss, inspiradíssimo, cria uma de suas melhores linhas de
bateria, assemelhando suas batidas iniciais na caixa (repetidas ao longo da
canção) aos tiros de uma pistola.E por falar em
Peter, Hooligan chega em seguida para manter o clima de paulada. A música,
composta por Criss e Stan Penridge, tem Spaceman e Catman como destaques, tanto
Peter com seus vocais rasgadíssimos e sua bateria bem tocada quanto Ace e suas
excelentes frases de guitarra, que praticamente choram ao longo da canção.
Almost Human, composta e cantada por Simmons, tem um clima misterioso, mas sem
perder o charme do som do Kiss.
Sua letra foi inspirada por histórias de lobisomem e o andamento da canção é
bom, apesar de estar longe das melhores do play.Plaster Caster
é uma das mais interessantes de todo o play, justamente pelo contexto histórico
da mulher que inspirou a composição. Cynthia Plaster Caster foi uma groupie de
vários artistas de Rock que moldava seus pênis em gesso. Entre as
“vítimas”, Frank
Zappa e Jimi
Hendrix, sendo este o primeiro cliente da artista. Hoje em dia,
Cynthia cessou da tietagem mas continua com a arte, também investindo em seios
de mulheres. A canção tem uma ótima levada e um dos melhores refrões do disco.
Vale destacar a versão que a canção ganhou no “Unplugged MTV”, gravado 18 anos
após “Love Gun”.Por fim, uma
versão para Then She Kissed Me do The Crystals completamente dispensável. Uma
versão de Jailhouse Rock, clássico do Elvis
Presley, seria gravada para completar as dez faixas do play, mas
sabe-se lá porque desistiram da ideia e gravaram essa péssima canção, que
representa o único ponto baixo do disco. Ironicamente, Elvis faleceu
praticamente dois meses após o lançamento do disco, em 16 de agosto de 1977.Infelizmente,
“Love Gun” é o último álbum com a formação original da banda, pois os
sucessores, apesar de terem Peter Criss na capa, só contam com o ar da graça de
suas baquetas em três canções: Dirty Livin’, do “Dynasty”; e You Wanted The
Best e Into The Void, ambas do “Psycho Circus”. Mas há de convir que essa foi
uma despedida honrosa. Além de ter chegado ao topo das paradas de vários países
como Estados Unidos (4°), Japão (2°) e Canadá (3°), bateu o primeiro milhão de
cópias vendidas apenas na terra do Tio Sam em um dia (!), conquistando disco de
platina logo de cara – hoje já deve estar chegando aos 2 milhões de exemplares
vendidos.A turnê girou
por vários locais do mundo, teve o “Alive II” como resultado e contou com maior
investimento em merchandising da banda (incluindo um card com uma pistola de
brinquedo no encarte do disco). Estima-se que o quarteto tenha movimentado 100
milhões de dólares entre 1977 e 1979, considerando tanto os produtos da marca
“Kiss” quanto os lucros gerados na estrada. “Love Gun” é um clássico imponente e
atemporal. Sua consistência está provada com a admiração que lhe é atribuída
após 35 anos de lançamento.
01. I Stole Your Love
02. Christine Sixteen
03. Got Love For Sale
04. Shock Me
05. Tomorrow And Tonight
06. Love Gun
07. Hooligan
08. Almost Human
09. Plaster Caster
10. Then She Kissed Me
Gene Simmons - Vocal e Baixo
Peter Criss - Bateria
Ace Frehley - Guitarra
Paul Stanley - Guitarra e Vocal
Por : Dieguinho
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